por Robson Adriano
Escritora e cineasta francesa, Marguerite Duras nasceu no Vietnã em 1914, que na época ainda era uma colônia francesa “Indochina”. Nascida nos arredores de Saigon, pouco antes do estouro da Primeira Guerra, Marguerite Duras tornou-se um dos mais influentes nomes da literatura francesa a partir da década de 1940, considerada uma das principais vozes femininas da literatura do século XX na Europa.
Com 17 anos, viajou para a França, onde estudou Direito e Ciências Políticas na Sorbonne, em Paris, formando-se em 1935. Durante a Segunda Guerra Mundial, engajou-se na resistência francesa contra os nazistas, e filiou-se ao Partido Comunista. Em 1943, publicou o primeiro livro, “Os Imprudentes”, e em 1944 publicou “A Vida Tranquila”. Em 1950, se desligou do Partido Comunista. Nesse mesmo ano publicou a obra que a tornou conhecida: “Un barrage contre le Pacifique”, uma narrativa repleta de lembranças de sua infância no Vietnã.
Ela conquistou a fama com a publicação de “O Marinheiro Gibraltar” (1952) e com “Os Cavalinhos da Tarquínia” (1953), novelas psicológicas, nas quais revela a percepção aguda da realidade exterior. Mas foi com romances como "Moderato Cantabile", "Hiroshima, Mon Amour" et "l’Amant" que ela conquistou definitivamente os leitores. O romance l’Amant, além de receber o Prêmio Goncourt, foi adaptado para o cinema em 1992, dirigido por Jean-Jacques Annaud.
O romance "Hiroshima, Mon amour" também ganhou versão em filme, dirigido por Alain Resnais.
Resumo de l’Amant :
Romance intensamente lírico e erótico, L’Amant acompanha com rara felicidade a descoberta e o esgotamento da sexualidade, consumida em fogo lento pela escrita corrosiva de Duras. A obra narra um episódio da adolescência de Duras: sua iniciação sexual, aos quinze anos e meio, com um chinês rico de Saigon. Se as personagens e fatos são verídicos, a escrita os transfigura e transcende; não sabemos em que medida a história é verdadeira. Os encontros amorosos são, ao mesmo tempo, intensamente prazerosos e infinitamente tristes; a vida da família contrapõe amor e ódio, miséria material e riqueza afetiva.
A presença da mãe, sua desgraça financeira e moral, do irmão mais velho, drogado, cruel e venal, e do irmão mais novo, frágil e oprimido, constituem uma existência predominantemente triste, e por vezes trágica, de onde Duras extrai um esplendor artístico que se reflete em sua própria pessoa - personagem enigmática, quase de ficção. Tem sido dito que ler este livro é como folhear um álbum de fotografias - a narrativa se desenrola em torno de uma série de imagens fascinantes. Esse trabalho primoroso com as imagens também pode ser verificado nos mais de vinte filmes dirigidos por Duras e na possibilidade de seus textos se transformarem em filmes, como o fez Jean-Jacques Annaud com "O amante" em 1991.
O livro integra a coleção Mulheres Modernistas - que já conta com O homem sentado no corredor e A doença da morte, volume que traz duas novelas da autora - e inclui posfácio de Leyla Perrone-Moisés e sugestões de leitura. Para o deleite dos leitores, segue um trecho do livro l’Amant:
"Certo dia, já na minha velhice, um homem se aproximou de mim no saguão de um lugar público. Apresentou-se e disse: "Eu a conheço há muito, muito tempo. Todos dizem que era bela quando jovem, vim dizer-lhe que para mim é mais bela hoje do que em sua juventude, que eu gostava menos de seu rosto de moça do que desse de hoje, devastado. Penso frequentemente nessa imagem que só eu ainda vejo e sobre a qual jamais falei a alguém. Está sempre lá no mesmo silêncio, maravilhosa. É entre todas a que me faz gostar de mim, na qual me reconheço, a que me encanta."