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A exposição Nego Fugido, de Nicola Lo Calzo, propõe um mergulho sensível em uma celebração da liberdade, onde a imagem se torna meio de resistência e reapropriação. Realizada na comunidade quilombola de Acupe, na Bahia, a encenação anual do Nego Fugido mistura ritual e performance para reconstituir, do ponto de vista dos descendentes de escravizados, a luta pela emancipação negra.
Essa reencenação, que evoca os chamados “quadros vivos”, não repete o passado, mas o reinventa. Ao recuperar e atualizar essas histórias silenciadas, a comunidade constrói uma contra-história — uma memória insurgente que desafia a narrativa dominante e colonial. O Nego Fugido, nesse sentido, é um gesto político, espiritual e artístico, que nos interpela: de onde vêm as imagens que moldam nossa memória histórica? Quem as transmite, e em nome de quê?
Nicola Lo Calzo fotografa com o tempo do cuidado e da escuta. Desde 2010, com seu projeto KAM, o artista investiga as heranças da escravidão atlântica por meio das formas de resistência que atravessam corpos, territórios e rituais. Em Acupe, sua abordagem se ancora no respeito e na cocriação, mais do que observar, ele participa. Sua obra não busca documentar o outro, mas compor com ele.
Na exposição, diferentes elementos constroem uma cartografia visual da memória: fotografias, vídeos, arquivos e sons tecem juntos a força simbólica do Nego Fugido. Um fio condutor percorre esse espaço — o fio vermelho de Exu, orixá mensageiro e figura-chave dos cultos afro-brasileiros, guardião das encruzilhadas e das passagens. Exu é aquele que media, que perturba, que anuncia.
O Nego Fugido não é apenas um rito de resistência, é também uma crítica à narrativa conciliadora da “democracia racial” e às representações estéreis do multiculturalismo. Apresentada no contexto da Temporada França-Brasil 2025, Nego Fugido pretende ampliar os diálogos entre as memórias atlânticas, e reconhecer, por meio da arte, as vozes múltiplas que constroem uma história comum, ainda viva.
📅 21 de agosto a 6 de outubro de 2025
📍 Aliança Francesa de Brasília – 708/907 Sul
⏰ Visitação: segunda a sexta, 8h às 18h | sábado, 8h às 12h
📌 Entrada gratuita
Venha viver essa experiência e conheça a força da memória quilombola!
Texto: ioana mello
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