Na noite de 20 de agosto, o Espaço Cultural da Aliança Francesa de Brasília recebeu convidados especiais para o vernissage da exposição Nego Fugido — Memórias Quilombolas, do fotógrafo italiano Nicola Lo Calzo, em parceria com a comunidade quilombola de Acupe, no Recôncavo Baiano. O evento marcou também a abertura da Temporada França-Brasil 2025, iniciativa cultural que promoverá mais de 300 atividades artísticas e institucionais até dezembro.
A cerimônia contou com a presença de autoridades diplomáticas, representantes culturais e membros da comunidade Nego Fugido. Em seu discurso de despedida, a diretora da Aliança Francesa de Brasília, Judith Sylva, emocionou-se ao abrir seu último evento à frente da instituição depois de cinco anos na gestão. Para ela, a mostra representa muito mais que um projeto artístico. “Receber hoje Nego Fugido, Memórias Quilombolas é partilhar um processo de construção coletiva de memória viva, de resistência e de liberdade”, completa.
O embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, destacou que a exposição simboliza os valores que unem França e Brasil: justiça, diversidade e dignidade. Ele lembrou que a mostra, depois de Brasília, circulará por outras instituições brasileiras, fortalecendo o diálogo entre os dois países.
A presidente do Instituto Francês, Eva Nguyen, ressaltou a importância da Temporada França-Brasil como política cultural estratégica, fruto da parceria entre os presidentes Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva. Para ela, o projeto abre caminhos para ampliar a visibilidade recíproca entre as duas nações.
O fotógrafo Nicola Lo Calzo compartilhou a trajetória de mais de dez anos de pesquisa junto a comunidades afrodescendentes nas Américas, África e Europa, que resultou na série exposta. Sobre o trabalho em Acupe, afirmou que “o ritual do Nego Fugido é muito mais do que uma encenação. É uma memória viva de luta contra a escravidão e uma afirmação da força e da autonomia quilombola.”
Encerrando os discursos, o representante da Associação Cultural Nego Fugido, Luiz Carlos Sobral da Silva, destacou a fotografia como instrumento de preservação da ancestralidade e conduziu, com seu grupo, um canto acompanhado de atabaques, trazendo ao espaço a força ritual que inspira a mostra (foto capa).
No dia 21/8, um novo encontro especial com os membros da Associação fez parte da programação da Aliança, reforçando a importância do ritual e da memória viva que o Nego Fugido representa.
Visitação à exposição
A exposição, cuja curadoria é de Ioana Mello, fica em cartaz no Espaço Cultural da Aliança Francesa de Brasília até o dia 6 de outubro, de segunda a sexta, das 8h às 18h, e aos sábados, das 8h às 12h. Visite e viva essa experiência!